Pearl, mesmo com sua psicopatia, é uma sonhadora aflita com a vida
O longa-metragem protagonizado por Mia Goth transcende o gênero do terror slasher.
Há um bom tempo eu estava com vontade de assistir o filme Pearl, estrelado pela atriz Mia Goth e dirigido por Ti West. E realizei essa vontade nesta sexta, 19 de setembro de 2025.
Para quem resolveu assistir o filme na linha cronológica e conseguiu desviar dos spoilers ao longo dos anos, como eu, para ter um momento especial ao assistir. Logo no início nos créditos iniciais sente uma sensação de estar assistindo uma releitura do Mágico de Oz (1938), por conta da fotografia escolhida para o filme, cores bem vibrantes.
Você sabe que existe o lado sombrio, mas não consegue deixar de se apaixonar pela Pearl (Mia Goth), ela é uma menina sonhadora, que é reprimida pela mãe Ruth (Tandi Wright) e vive presa na fazenda da família, seu pai (Matthew Sunderland) após contrair a gripe espanhola fica inapto e dependente da esposa que vira cuidadora, junto com a filha.
O sonho de Pearl é ser uma dançarina de cabaré famosa e viajar pelo mundo, porém enquanto isso não ocorrer ela tenta se distrair como dá pela fazenda e quando vai para cidade vai ao cinema ver filmes, é lá que conhece um jovem e bonito moço (David Corenswet) que cuida das projeções dos filmes.
Logo no início do filme você vê que Pearl tem traços de psicopatia como matar animais para dar a seu crocodilo de estimação chamado Tida, que vive num lago próximo a fazenda. Misty (Emma Jenkins-Purro), sua cunhada, aparece um dia e comenta com Pearl que vai ter uma seleção para escolher uma dançarina na quinta-feira, às 15h da tarde.
Ah, antes que me perguntem: Cadê o marido de Pearl (Mia Goth)? Howard (Alistair Sewell) foi lutar na guerra, o filme se passa no ano de 1918, as pessoas usam máscara na cidade. Fora o medo da mãe de Pearl de contrair a gripe.
Após os assassinatos de Pearl (Mia Goth), ela se abre com Misty (Emma Jenkins-Purro), como se estivesse conversando com Howard (Alistair Sewell) e fala como se sente num dos diálogos mais profundos que já assistir sobre tentar se encaixar na sociedade e escapar da tristeza e solidão.
Nada justifica os assassinatos que Pearl (Mia Goth) cometeu, mas não há uma alma viva que não tenha sentido em algum momento a angústia de estar preso, sem progredir para lugar algum e não querer seguir o roteiro que a sociedade impõe. A diferença é que nós não somos serial killers que nem a Pearl, mas acabamos por descontar em algo em algum momento, para escapar do terror que é viver em sociedade.
O longa-metragem protagonizado por Mia Goth transcende o gênero do terror slasher, apresentando-se também como uma obra que demonstra empatia para com aqueles que experimentam angústias.
Pearl (Mia Goth) poderia muito bem ter caído na estrada após ser rejeitada no teste e tentar uma nova vida longe, mas ela opta por voltar então, ela que não queria sair daquele círculo vicioso, ao menos é isso que sua condição psicológica mostra, ela quer que tudo volte ao normal, a ponto de dar uma de Norman Bates com vagina.
Enfim, estou ansioso para continuar a maratona dos filmes X...

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