Novelas infantis do SBT comprovam mudança de público na TV Aberta

Enquanto Globo, Record e Band estão bem à frente nas mudanças, SBT pena para se reencontrar com o atual público da televisão aberta.


Desde março de 2012, o SBT aposta tradicionalmente nas novelas infantis como carro-chefe do horário nobre de segunda a sexta, na faixa das 20h30 às 22h15.

O que antes foi um grande sucesso em números de audiência, chegando ao auge em 2018, com 17 pontos de IBOPE com "As Aventuras de Poliana". Hoje, se transformou numa dor de cabeça para a emissora da família Abravanel, ao ver os números de "A Caverna Encantada" não ultrapassando os 3,5 pontos de média.

Tal qual os humanos, todo formato tem sua data de validade. Silvio Santos e Iris Abravanel esgotaram a fórmula que salvou a emissora nesses últimos 12 anos.

Íris Abravanel é quem comanda a dramaturgia do SBT com poder total e a mesma parece não ter enxergado que a repetição massiva das mesmas tramas uma hora iria chegar ao desgaste, principalmente com o fim da televisão que conhecemos atualmente.

O streaming, apesar de não estar completamente disponível a todos os públicos, é uma realidade do mercado. O SBT mesmo viu crescer e ajudou a consolidar, disponibilizando "Carrossel", "Chiquititas", "Cúmplices de Um Resgate", "Carinha de Anjo", "Aventuras de Poliana" e "Poliana Moça" em seus canais próprios no YouTube, sempre após a exibição na televisão.

Aliás, o SBT fez parcerias com Netflix, Prime Vídeo e Disney+, onde essas produções não saem do TOP 10 e atingem com facilidade o TOP 1 em finais de semana e em épocas de férias escolares.

Hoje, a média de audiência de "A Caverna Encantada" exibida na faixa das 20h45 às 21h30 é o pico que a reprise de Carinha de Anjo tem não raramente na faixa das 13h30 às 14h30.

A falta de entendimento da direção do SBT de que o público infantil se foi e não vai mais voltar é pura teimosia. Falta à emissora da família Abravanel, a mesma mudança de posicionamento que sua ex-contratada Eliana fez em 2005, saindo do público infantil e indo em direção ao público familiar amplo.

Muitos dizem que o SBT deveria voltar a apostar em tramas adultas inéditas, mas esquecem que a emissora de Silvio Santos continua a ser mão de vaca e dominada pelo nepotismo com muito “QI” (quem indica).

Além disso, o SBT não precisa fazer uma transição de público tão abrupta como fez exibindo o remake de "A Usurpadora" às 21h30 em 2021. 

As mudanças podem ocorrer gradualmente em “A Caverna Encantada”, mesmo incluindo novos personagens adolescentes e adultos tentando conversar com esse público que restou na televisão brasileira. 

Até mesmo em apostar na fórmula de sucesso que a Record usou por anos de novelas na faixa das 22h30, trazendo uma opção diferente na linha de shows atuais presas a programas de auditório e reality shows.

O SBT tem capacidade para virar o jogo, mas também pode optar pelo caminho fácil, abrindo mão das novelas e apostando no Cesar Filho com seu "SBT Brasil" das 19h45 às 21h15 e Ratinho ocupando a faixa até às 23h.

A Record viu os seus números de audiência crescerem ao apostarem na trama turca “Força de Mulher”, as tramas bíblicas não alcançam mais os números do auge que foi “Os Dez Mandamentos”, “Terra Prometida” e “Rico e Lázaro”. Lembremos que o auge gospel a que a Record chegou em 2015 com suas novelas fará 10 anos no próximo ano.

Segundo a pesquisa Cross Plataforma View, da Kantar Ibope Media, as mulheres são maioria na TV aberta e no streaming. 

Elas representam 57% do público da TV e os homens 43%. Nas plataformas digitais, são 55% de mulheres e 45% de homens.
  • Na Globo, as mulheres somam 61% do público e os homens apenas 39%. 
  • No SBT, são 59% de mulheres e 41% de homens. 
  • Na Record, o público feminino corresponde a 58% e o masculino a 42%. 
  • A Band é uma exceção. Associada à época em que era conhecida como a Emissora dos Esportes e com várias atrações sobre futebol em sua grade, a Band tem 61% de homens em seu público e apenas 39% de mulheres.
O levantamento Cross Plataforma View também revelou que a audiência da TV aberta é mais velha. 
  • 34% do público tem mais de 60 anos.
  • 23% estão entre 35 e 49 anos.
  • 18% entre 50 e 59 anos. 
  • O publico entre 25 e 34 anos representam 11% da plateia, seguida pela faixa entre 4 e 11 anos (5%) e pela fatia entre 12 e 17 anos (3%).
Em relação à faixa etária do público de televisão, as pessoas com 60+ são as que mais assistem aos programas, jornais, novelas e reality-shows. 
  • Na Globo, 35% do público já passou dos 60 anos, 22% está entre 35 e 49 anos, 19% entre 50 e 59 anos e apenas 11% do público é formado por jovens entre 25 e 34 anos. 
  • A Record também tem 35% acima dos 60 anos, 25% entre 35 e 49 anos e 19% entre 50 e 59 anos.
  • No SBT, 30% do público vem da faixa 60+, 23% do público entre 35 e 49 anos, 14% entre 50 e 59 anos, 14% entre 25 e 34 anos e 8% entre 4 e 11 anos.
  • A Band é a que tem a maior fatia acima dos 60 anos. 39% do público está na faixa 60+, 23% entre 35 e 49%, 19% entre 50 e 59 anos e 10% entre 25 e 34 anos. E um detalhe chama a atenção. Na Band, apenas 4% do público é formado por pessoas entre 18 e 24 anos. Ou seja, é a que está mais longe dos jovens.

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